segunda-feira, agosto 25, 2008

Rifa-se...


(para ler ao som desta música)
Coldplay - The Scientist

Um coração idealista.

Um coração como poucos,

Um coração à moda antiga.

Um coração moleque que insiste em

pregar peças em seu usuário.

Rifa-se um coração que na verdade está um pouco usado,

meio calejado, muito machucado,

e que teima em cultivar sonhos e alimentar ilusões.

Um pouco inconseqüente e que nunca desiste de

acreditar nas pessoas.

Um leviano e precipitado coração que acha que

Tim Maia estava certo quando escreveu e tão bem cantou...

"...NÃO QUERO DINHEIRO, QUERO AMOR SINCERO,

É ISSO QUE EU ESPERO..."

Um idealista, um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende,

que não endurece e mantém sempre viva a esperança

de ser feliz, sendo simples e natural.

Um coração insensato, que comanda o racional

sendo louco o suficiente para se apaixonar.

Um furioso suicida que vive procurando

relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração que insiste em cometer

sempre os mesmos erros.

Esse coração que erra, que briga, se expõe.

Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.

Sai do sério e às vezes revê suas posições

arrependido de palavras e gestos.

Este mesmo coração tantas vezes incompreendido.

Tantas vezes provocado.

Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional que abre

sorrisos tão largos que quase dá para engolir as orelhas,

mas que também arranca lagrimas e faz murchar meu rosto.

Um coração para ser alugado ou mesmo

utilizado por quem gosta de emoções fortes.

Um órgão abestado, apenas indicado para

quem quer viver intensamente,

contra indicado para os que apenas pretendem

passar pela vida matando o tempo,

defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente que se mostra

sem armaduras e deixa louco seu usuário.

Um coração que quando parar de bater

ouvirá o seu usuário dizer a São Pedro:

---"O Senhor pode conferir, eu fiz tudo certo,

só errei quando coloquei sentimento.

Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este

louco coração de criança que insiste em não

endurecer e, se recusa a envelhecer.

" Rifa-se um coração,

ou mesmo troca-se por outro que tenha

um pouco mais de juízo.

Um órgão mais fiel ao seu usuário.

Um amigo do peito que não maltrate tanto o

ser que o abriga tão carinhosamente.

Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,

mas que incomoda um bocado.

Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda

não foi adotado, provavelmente, por ainda se

recusar a cultivar ares selvagens ou racionais,

por não querer perder seu estilo

e sua verdadeira identidade.

Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.

Um simples coração humano.

Um impulsivo membro de comportamento

até meio ultrapassado.

Um modelo cheio de defeitos,

que mesmo estando no mercado,

faz questão de não se modernizar,

mas vez por outra, constrange o corpo que o domina.

Um velho coração que convence seu usuário a publicar

seus segredos e a ter a petulância

de se aventurar como poeta.




(Clarice Lispector)

domingo, agosto 24, 2008

Para reflectir...

Estava eu a atravessar o deserto quando vi, sentado ao pé de uma palmeira, num oásis, um árabe com um aspecto muito melancólico. Aproximei-me do homem, que parecia ser negociante de jóias e perfumes e perguntei:

- Que tens amigos, para estares assim tão preocupado? Posso ser-te útil em qualquer coisa?

- Ai! – respondeu o mercador – Estou triste porque acabo de perder uma jóia, o tesouro mais precioso da minha vida!

- Não é caso para tanta tristeza. Que vale uma jóia para quem vai carregado delas?

- Bem se vê que não sabes o valor da que pedi. – lamuriou o árabe.

- Então que tipo de jóia era?

- Oh! Era uma jóia que não mais se tornará a fazer. Tinha sido talhada na pedra da Vida e trabalhada na fábrica da Natureza… Era marchetada por 24 brilhantes enormes e em redor de cada um deles agrupavam-se outros sessenta mais pequenos.

- Por mais preciosa que fosse a tal jóia, se tiveres muito dinheiro, podes voltar a recuperá-la! – disse-lhe eu.

Mas o árabe, saindo da sua lamentação, terminou assim:

- A jóia que eu perdi, era um dia! E um dia perdido não se encontra nunca mais!

sexta-feira, agosto 15, 2008

O nome das coisas...

Um dia vais estar a sós, vais fechar os olhos e tudo estará negro.
Os números da tua agenda irão passar claramente à tua frente e tu não terás nenhum para ligar.
A tua boca vai tentar chamar alguém, mas não há ninguém solidário o bastante para sair a correr e dar-te um abraço, nem colocar-te no seu colo ou acariciar os teus cabelos até que o mundo pare de girar.
Nessa fracção de segundos, quando os teus pés se perderem do chão, vais recordar-te da minha ternura e do meu sorriso infantil.
Virão súbitas memórias agradáveis dos meus abraços e beijos, da minha preocupação contigo e só existirão músicas repetidas no teu rádio: as nossas.

Num novo momento vais sentir um aperto no peito, uma pausa na respiração e vais desejar fortemente para ter de novo o nosso delicioso mundinho, a isso chama-se saudade, aquilo que eu tinha tanto e falava constantemente. E quando finalmente ligares o meu número, ele estará demasiado ocupado, ou até nem será o mesmo, ou até eu nem queira atender-te. E se vieres bater à minha porta ela estará muito trancada, e se estiver aberta mostrará uma casa vazia.

Os teus olhos, ensinar-te-ão o que são lágrimas, aquelas que eu te disse que ardiam tanto.

O nome do enjôo que vais sentir é arrependimento, e a falta de fome que virá chama-se tristeza.

Então quando passarem os dias e eu não te ligar, quando nada de bom te acontecer e ninguém te olhar com os meus olhos encantados... irás encontrar a famosa solidão.

A partir daí, o que irá acontecer, chama-se surpresa.

E provavelmente a causa de todas essas sensações acima...

... é o tal tempo de que tu tanto falavas...

The Gift - Fácil de Entender

quarta-feira, agosto 13, 2008

As minhas palavras na boca de Vinicius de Moraes, Maria Bethânia, Ivete Sangalo e Elis Regina

A grande diferença naquilo que dizemos está na forma em que o dizemos e não o que dizemos.
Impõe-se o silencio, um silencio que não quero assassinar...
Mas os meus artistas favoritos pelos vistos também passaram pelo mesmo, como seres humanos que são.
Para reflectir...

Maria Bethania-Toquinho -Vinicius de Moraes - APELO.


Maria Bethania - Um Jeito Estúpido De Te Amar


ivete sangalo - se eu nao te amasse tanto assim


 elis regina - eu sei que vou te amar

terça-feira, agosto 12, 2008