terça-feira, abril 07, 2009

Divagações...

Dizem que o amor supera tudo. Será? O amor é uma dor que invade o nosso interior dilacerando cada parte do nosso peito, sempre. Seja pelo lado bom, quando tudo vai bem e dilacera os nossos sentimentos em prazeres, esperanças, sonhos, ilusões e fantasias. Seja pelo lado mau, quando tudo entra em crise. Então o amor vem mais forte, parece que só ele é que é a salvação a partir daquilo que sentíamos e que gostaríamos que voltasse.

A nossa mente é uma confusão de sentimentos, sensações e dolorosas lembranças que, por alguma explicação freudiana acaba sempre por guardar apenas momentos maus de determinados relacionamentos, acaba por parecer acção e reacção. Onde a reacção à perda é a acção de um desejo inescrupuloso a pulsar fortemente no nosso peito.

Há momentos em que pensamos em loucuras, tentativas vãs de evitar um passado que não pode ser evitado pois a cada instante o passado torna-se o presente e desenvolve o futuro. É um erro! É uma reação em cadeia, onde não podemos ter as mesmas sensações simplesmente por que nunca somos os mesmos.

Envelhecemos.

A cada segundo, as nossas células deterioram-se e acabamos por desenvolver outras alternativas a essas formas ilusórias de auto-cura ou piedade.

Há momentos em que a vontade de gritar é tanta que simplesmente vemo-nos sem voz. Há momentos de amor enorme em que damos por nós sem nenhuma acção e há momentos de tantas acções, que o amor simplesmente se dilui como o álcool na água.

Sinceramente, não sei como transcrever o sentir a falta de alguém de quem gostámos tanto e mesmo assim não conseguimos mudar. Mas que se lixe, são essas coisas que têm de acontecer para que cresçamos, dizem.

Grande coisa, o crescimento serve para quê? Para nos tornarmos ilesos à dor ou apenas senti-la e esquecer-se de todo o prazer e sensação que ante-ontem existia?

São tantas alternativas e divagações a respeito dos sentimentos que é impossível dizer uma só. Há o sentimento de culpa, o sentimento de perda, o sentimento de vazio. Há o sentimento de mudança o sentimento de alteração e a compulsão pela tentativa de recuperar aquilo que é irrecuperável.

Por que é que os sonhos dos homens embatem nos dos outros?

Por que somos iguais. Simplesmente queremos tanto as mesmas coisas que elas se tornam escassas, simplesmente, desaparecem pois aqueles que as possuem acabam por esconde-las de tanto tentar fazer que elas se ofereçam novamente aos seus mais queridos.

Avareza? Não. Auto-preservação? Também não. Sentimento de possessividade? O que é a posse de alguma coisa, senão achar erradamente que aquilo é seu?

O Sentimento não é meu, sinto-o por outra pessoa, sinto-o por outra coisa.

E as pessoas que se amam a si próprias? Ninguém se ama tanto que não precise de outros. Se amar-se tanto assim, acaba por ser narcisista qual é a vantagem? Faltará sempre a sensação de conhecer o afago no cabelo quando há aquela vontade de chorar. O aperto reconfortante de um abraço de reconstituição de uma nova tentativa.

Nada é tão sublime e nada é tão traiçoeiro.

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