quinta-feira, janeiro 31, 2008

Das mudanças no Ministério...

(Artigos retirados do site Portugal Diário)

Isabel Pires de Lima esteve 34 meses no Governo. Retrospectiva

Durante os 34 meses que passou no Governo, a ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, enfrentou poucas mas intensas polémicas.

Da conturbada exoneração da Directora do Museu Nacional de Arte Antiga, Dalila Rodrigues, que até deixou o Presidente da República surpreendido, à guerra aberta com o autarca do Porto, Rui Rio, por causa do túnel de Ceuta, passando pela demissão do director do Teatro Nacional de São Carlos (Paolo Pinamonti) e do presidente da administração do Teatro Nacional D. Maria II, António Lagarto.

A polémica sobre a colecção Berardo que marcou o primeiro ano de mandato da ministra terminou com a assinatura de um protocolo entre o Governo e o comendador Joe Berardo

A ausência da comemoração oficial dos 100 anos do nascimento do escritor Miguel Torga, a 12 de Agosto do ano passado, caiu muito mal nos meios culturais e políticos, até com críticas do interior do PS.

Em comunicado o Governo, informa que Isabel Pires de Lima saiu a seu pedido. Resta saber se a escritora pretende regressar à Faculdade de Letras do Porto onde ocupava o cargo de professora catedrática, especializada em Literatura Portuguesa.

O jurista José António Pinto Ribeiro assume a pasta da Cultura.

O novo ministro da Cultura do Executivo de José Sócrates é o advogado Pinto Ribeiro, antigo programador-geral da Fundação Calouste Gulbenkian e fundador do Fórum Justiça e Liberdade, associação destinada ao estudo, promoção e defesa dos direitos cívicos em Portugal. O advogado esteve ainda ligado ao Instituto Camões, entre 2004 e 2006, e é administrador da Fundação Berardo.

Pinto Ribeiro, natural de Moçambique, cursou Direito em Coimbra e é ainda o representante legal dos Gato Fedorento e de Sá Fernandes.

Questionado sobre ter aceite o convite do primeiro-ministro para a pasta da Cultura, António Pinto Ribeiro preferiu não tecer comentários neste momento.

Grande amigo de Mário Soares, Pinto Ribeiro esteve sempre ligado ao PS, mas à margem da política activa, apostando na advocacia no escritório J.A. Pinto Ribeiro & Associados, em Lisboa.

O causídico divide a sua vida entre Lisboa e Londres, onde a sua namorada, a jornalista Anabela Mota Ribeiro, trabalha como free-lancer. Os dois conheceram-se quando Mota Ribeiro escrevia para o suplemento DNA, do Diário de Notícias, altura em que fazia entrevistas de grande fôlego a diversas personalidades. Uma delas foi Pinto Ribeiro.

Segundo o curriculum vitae distribuído pelo gabinete do primeiro-ministro, Pinto Ribeiro elaborou vários projectos de diplomas legais para o Governo da República e para os governos dos Açores, da Madeira e de Macau sobre empresas públicas bancárias, sociedades comerciais e legislação respeitante ao chamado «Plano Mateus». Actualmente exercia funções de Administrador da PT Multimédia e da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea-Colecção Berardo.

Deu aulas no Instituto Superior de Economia, na Faculdade de Direito de Lisboa e mais tarde na Universidade Autónoma de Lisboa, sempre na área do Direito Comercial. Leccionou ainda no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa e na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa. Como advogado, Pinto Ribeiro tem estado ligado à área da banca.

Para além do português, o novo ministro fala alemão, inglês, francês, espanhol e italiano e é Grande Cavaleiro da Ordem da Liberdade.

(artigo retirado do Público Online)

Declarações após tomada de posse

Novo ministro da Cultura quer fazer "mais e melhor, com menos meios"

O novo ministro da Cultura, José Pinto Ribeiro, afirmou hoje ser seu objectivo "fazer mais e melhor, com menos meios" na área da cultura.
Falando à saída da sua posse, no Palácio de Belém, Pinto Ribeiro disse esperar atingir esses objectivos com a mobilização de todos os agentes culturais e de todas as pessoas em geral.
O novo ministro da Cultura recusou-se a fazer qualquer avaliação ao desempenho do seu Ministério porque "ainda não estudou os dossiers".
Sobre Isabel Pires de Lima, o ministro disse apenas ter uma boa relação pessoal com a ex-titular da pasta da Cultura.

Ora bem... O advogado dos Gato Fedorento quer fazer mais e melhor... com menos meios???? Ainda mal utilizamos equipamentos que foram construídos e não possuem gestores culturais, programadores, as autarquias não têm verba para a cultura... e vamos fazer mais e melhor com menos meios????

Estaria curioso para ver onde é que isto vai parar... mas tenho medo... muito medo...

Será que teremos uma nova versão do Sasportes? Será que os "menos meios" significa, menos meios do que os poucos que temos? Realmente... Nem sei bem o que diga..!

quinta-feira, janeiro 17, 2008

TUDO QUANTO FOR MERDA A GENTE GOSTA

Recebi por e-mail enviado por uma grande amiga minha, este texto de 1934. O que este texto possui de fantástico, é a sua actualidade e possibilidade de se aplicar transversalmente aos mais diversos assuntos

EXPOSIÇÃO DOS LAVRADORES DO BAIXO ALENTEJO
A SUA EXCELÊNCIA 0 MINISTRO DA AGRICULTURA
Autor: João de Vasconcelos e Sá
Min . da Agricultura: Eng. Leovigildo Queimado Franco de Sousa


Porque julgamos digna de registo
A nossa exposição, Senhor Ministro,
Erguemos até vós, humildemente,
Uma toada uníssona e plangente
Onde evitamos o menor deslize
E onde damos razão da nossa crise.

Senhor... Em vão esta província inteira
Desmoita , lavra e atalha a sementeira,
Suando até a fralda da camisa.
Falta a matéria orgânica precisa
Da terra, que é delgada e sempre fraca;
A matéria em questão chama-se CACA.

Se os membros desse ilustre ministério
Querem levar o nosso caso a sério
E é nobre o sentimento que os anima,
Mandem-nos cagar toda a gente em cima
Dos maninhos torrões de cada herdade,
E mijem-nos também, por caridade!

0 Senhor Doutor Oliveira Salazar
Quando tiver vontade de cagar
Venha até nós, solícito e calado,
Busque um terreno que estiver lavrado,
E como Presidente do Conselho
Queira espremer-se até ficar vermelho.

A Nação confiou-lhe os seus destinos;
Então comprima e aperte os intestinos,
E se escapar um traque não se importe;
Quem sabe se cheirá-lo dará sorte?
Quantos não porão suas esperanças
Num traque do Ministro das Finanças!

E quem vive tão aflito e sem recursos
Já não distingue os traques dos discursos;
Não precisa falar. Tenha a certeza
De que a maior fonte de riqueza
Desde os montados negros às courelas
Provém da merda que despejamos nelas.

Ah! Merda grossa! Merda fina! Merda boa
Das inúteis retretes de Lisboa!
Como é triste saber que todos vós
Andais cagando sem pensar em nós!
Se querem fomentar a agricultura
Mandem-nos muita gente com soltura

E nós daremos trigo em alta escala.
Também nos faz jeitinho a merda rala.
Terras alentejanas, terras nuas,
Desespero de arados e charruas,
Quem as tem, quem as compra, quem as herda,
Sente a paixão nostálgica da merda!...

E que todos os penicos portugueses
Durante pelo menos uns seis meses
Sob o montado ou sobre a terra campa
Continuamente nos despejem trampa,
Adubos de potássio, cal e azote.

Mandem-nos merda pura de bispote;
Não fazemos questão de qualidade;
Formas normais ou formas esquisitas,
Desde o cagalhão às caganitas,
Ou da negra poia à grande bosta,
Tudo quanto for merda a gente gosta.