quarta-feira, outubro 15, 2008

A mulher dos meus sonhos...

A mulher dos meus sonhos
Não é aquela de medidas perfeitas
Nem aquela que ao caminhar se senta nas estrelas
Muito menos aquela que se sente uma estrela de telenovela
Não quero mulheres fúteis, e de coração gelado ou petrificado

A mulher dos meus sonhos,
Não é aquela que possui mais pérolas e diamantes
Nem aquela que tem mais dinheiro numa conta nem cheques para os seus devaneios
Nem aquela que já viajou por todo o mundo e conhece muitos lugares.
Não quero mulheres falsas que perdem o que têm de melhor nos seus lares.

A mulher dos meus sonhos…
Não é aquela que anda por todos os bares
Não é aquela que despreza todos os seres
Nem aquela que se escuta a si própria dizendo frases feitas
Não quero mulheres passageiras que ao primeiro problema fogem em busca de novos mares.

A mulher dos meus sonhos é simples e normal.
Não pára de sorrir e vê o lado bom da vida e aceita-o.
Não se cala quando algo a perturba
Fala frontalmente mesmo que isso possa doer.
Quero uma mulher com um coração enorme e com fantasias.

A mulher dos meus sonhos possui um olhar terno
De andar elegante sem ter de ser arrogante
Gosta de música e não tem medo de cantar, mesmo que cante desafinada.
Sorri por amor ao cozinhar para ela e prova o café antes de mim.

A mulher dos meus sonhos tem um coração gigante.
Dá-me um beijo todas as manhãs e aconchega-me em todas as noites de frio.
Entrega-se ao amor sem reservas e tenta sempre conquistar-me.

A mulher dos meus sonhos… creio que és tu e vou deixar-te fugir.
A mulher dos meus sonhos… és tu e vou-te desiludir…
porque o homem dos teus sonhos… não sou eu.

terça-feira, outubro 07, 2008

Como esquecer alguém em 5 minutos ou talvez mais um bocadinho

Antes de tudo, há que reconhecer que este poderia ser um belo nome para um daqueles livros que as pessoas oferecem umas às outras apenas e só pelo título e que usualmente se encontram em qualquer bomba de gasolina, no corredor do fundo, lado esquerdo, junto aos jornais. Não interessa o autor, nem se alguma vez se leu alguma coisa, nem se os críticos do mil folhas falaram bem, o que importa mesmo, é a mensagem que o título oferece a quem o recebe. E se depois lá dentro, nas páginas que se refugiam na capa, o conteúdo não for grande coisa, isso de nada importa. Entrega-se o livrinho como se estivéssemos a entregar uma senha de papel com uma mensagem, a fazer olhinhos, para a miúda que está na carteira ao lado: “Vai onde te leva o coração!”, “Fazes-me Falta!” “Não há coincidências” e claro o inevitável “Amo-te”.


Houvesse um medicamento, que depois de tomado nos fizesse esquecer a pessoa que amamos e as farmácias ficariam inundadas de gente à sua procura. Existisse uma operação que nos removesse a parte da memória que nos faz lembrar esse alguém e ficariam enormes as listas de espera para essa cirurgia. Mas não existe. Não há. Não se vende, nem se opera.


Mas pode-se esquecer? Pode. Como assim? Ora, usando uma técnica vulgarmente usada pelos bombeiros para extinguir os incêndios. O lendário truque do “Fogo contra Fogo” que basicamente consiste em lançar outro fogo em direcção ao que vem a arder. Assim, queima-se uma área que ainda não esteja ardida, para que quando o fogo lá chegar nada mais tenha para arder. E é limpinho.


O que há a fazer é queimar o que ainda houver de bom e fazer com que as coisas que estejam associadas à pessoa que queiramos esquecer não nos pareçam assim tão agradáveis. E quando ela – leia-se o incêndio – aparecer, já só resta terra queimada.


E assim, aproveitando esta bonita analogia dos incêndios, é justo revelar que aqui o grande problema é o vento, o vento que pode reacender as chamas. E esse vento, pode ser uma chamada dela – que ninguém atenda o telefone – uma súbita vontade de lhe ligarmos nós, às 4 da manhã com uma voz notoriamente embriagada – apague-se já o número – o vento pode ser uma foto dela ainda no quarto – que se guarde isso numa gaveta escura – uma carta que imbecilmente relemos – perigo, perigo! – Aceitarmos um convite para jantar a dois sob o pretexto de irmos falar sobre o ambiente no mundo – isso será muito arriscado – ir a casa dela rever a primeira temporada dos Sopranos em vd. – que fique claro, ao aceitarem o convite, isto já nem será vento, mas possivelmente, um tornado.


E assim, voltando à perniciosa técnica do fogo contra fogo, o mais importante, é queimarmos tudo à volta sem usarmos um único fósforo. É dizermos “isto é muito bonito e tal, mas eu tenho que sair daqui antes que se faça tarde” e assim, ao não permitirmos recaídas que sabemos que só irão adiar o inevitável, extinguiremos o pouco que vai existindo até que tudo fique reduzido a cinzas, tão frias e inertes, que nenhum vento será capaz de as reanimar.

sábado, outubro 04, 2008

O momento da verdade

O famigerado (usando um anacronismo para determinar que foi gerado pela fama) do "Momento da Verdade" que a Sic transmite, é o tema a que me proponho a falar.

Nos tempos idos de Roma, os romanos entretinham-se e alienavam-se com o espectáculo da morte dos cristãos ou dos gladiadores.
Em vários países existem os espectáculos "underground" de lutas de animais. Já em inglaterra no tempo de Shakespeare eram costumeiros os espectáculos de ataques a ursos.

Desde sempre o ser humano necessitou de barbárie para excitar a sua bestialidade.
Até no século passado, os reality shows vieram dar um novo cunho pretensamente mais soft sobre o espectáculo da vida humana. Cada vez mais a troco de dinheiro.

Não só havia os programas de talentos, onde as pessoas tentavam a sua sorte e ridicularizava-se à espera de ganhar uns trocos, como a busca da fama levava à exposição ridicula em programas como Ídolos e derivados.

Hoje, séc. XXI assistimos à devassa da vida privada, a troco de dinheiro, mais uma vez. É a crise que leva a estes actos? Ou é a nossa nova forma de beber sangue na barbárie da vida humana?

Antigamente, essa barbárie era bem mais animalesca, mais carnal, era necessário sangue.

Com o advento do conhecimento sociológico e o desenvolvimento de valores morais que defendem a integridade fisica, não restou aos patrões do "circo romano do novo milénio" procurar a melhor forma de adaptar algo que nos é genético, à luz dos novos tempos.

Nada melhor do que sugeitar familias à exposição, à degradação, à lavagem de roupa suja em praça pública. Mesmo depois dos estragos feitos em pleno programa, sucede-se a onda de comentários e recolha dos destroços, contagem de cadáveres, de tudo o que restou ou começa a desmoronar-se em familias até ali completamente anónimas.

Será que 25.000 euros é compensatório?

Estamos a falar de um conceito, que os filósofos gregos defendiam como objectivo a atingir para viver uma plenitude: o conceito de belo, o conceito de verdade.

A verdade hoje em dia já começa a ganhar outros contornos.
Só quem tem um passado cheio de mentiras suculentas, para serem agora expostas à luz do dia e que revertem em dinheiro (apesar do choque traumático que a familia passe a viver de agora em diante) é que pode e deve participar no dito programa.

Viver uma vida honesta, de verdade, de conformismo e coerência com valores morais e sociais já não é bem a mesma coisa.

O programa é catártico em alguns aspectos (como era catártico o desmembramento de um humano) ou os Autos de Fé que a Inquisição faziam em praça publica.

Em tempo de crise precisamos de catarses... mas entre um programa como "O momento da Verdade" e um bom filme pornográfico, prefiro a segunda opção...