Tenho escrito, mais ou menos regularmente, textos que criticam ou apologizam as mais variadas temáticas ligadas directa ou indirectamente ao Teatro. Tenho-me esquecido de escrever sobre mim.
Então ora aqui vai: Neste momento estou na fase final da digressão do espectáculo "Maldita Matemática". Ainda na semana passada estive em Cascais, para a semana estarei em Meleças (Cacém), daí arrancarei para Moura (Alentejo) dando depois um salto para Setúbal (ou Barreiro, ainda não sei bem). Sendo que ainda me esperam Vila Franca de Xira e Leiria.
Já estou há um ano e sete meses a fazer este espectáculo, intercalado com outro que se chama "Onde está a ávó?" - Este último terminou a sua carreira há duas semanas atrás no Centro Cultural de Belém.
Ter feito até à data mais de 200 representações da "Maldita Matemática" proporciounou-se uma excelente ferramenta de estudo. A exploração da técnica física e vocal neste espectáculo atingiu uma dimensão que muito difícilmente conseguiria noutros espectáculos, pois normalmente as carreiras são substancialmente mais reduzidas.
A grande dificuldade de um actor, quando faz muitas representações do mesmo espectáculo (no meu caso eram 2 por dia), está na questão da "petrificação", correndo o risco de se tornar mero executante. Um actor deve possuir um treino e um conhecimento e inteligência emocional e física para não cair na mecanização. Respeitando escrupulosamente as minhas marcações, fui descobrido que efectivamente, dentro de qualquer partitura de movimentos, existe ainda um enorme caminho a percorrer, onde é possível explorar e marcar as "micro-estrututas" de marcação. Decompor um movimento até ao seu "átomo". Agir de forma exacta e rigorosa, mantendo a frescura da espontaneidade e a organicidade dos movimentos.
Para que um movimento mantenha essa organicidade, tem de ser verossímil. A olho nú, é um movimento como todos os outros. Um movimento que apenas acontece. E aí é o corpo que responde e actua, não o jogo psicológico e manipulativo do actor. O corpo age sem efeitos. O corpo do actor deixa de "vestir" o personagem. Porque ele "é" o personagem.
Ainda me restam mais umas semanas até terminar a minha carreira neste espectáculo... embora continue a gostar do que estou a fazer, anseio agora por novos projectos e novas pesquisas.
Os cientistas lidam com aparelhos e ferramentas altamente sofisticadas e complexas. Os actores possuem duas ferramentas apenas. O corpo e a voz. E que ferramentas estas! Tão complexas e pouco conhecidas ou insuficientemente exploradas... Umas maltratadas, outras tão mimadas... Ferramentas insubsituíveis. O actor acaba por trabalhar apenas com uma coisa que afinal de contas é a maior dádiva que tem. Aquilo que lhe confere a existência - O Corpo.
Então ora aqui vai: Neste momento estou na fase final da digressão do espectáculo "Maldita Matemática". Ainda na semana passada estive em Cascais, para a semana estarei em Meleças (Cacém), daí arrancarei para Moura (Alentejo) dando depois um salto para Setúbal (ou Barreiro, ainda não sei bem). Sendo que ainda me esperam Vila Franca de Xira e Leiria.
Já estou há um ano e sete meses a fazer este espectáculo, intercalado com outro que se chama "Onde está a ávó?" - Este último terminou a sua carreira há duas semanas atrás no Centro Cultural de Belém.
Ter feito até à data mais de 200 representações da "Maldita Matemática" proporciounou-se uma excelente ferramenta de estudo. A exploração da técnica física e vocal neste espectáculo atingiu uma dimensão que muito difícilmente conseguiria noutros espectáculos, pois normalmente as carreiras são substancialmente mais reduzidas.
A grande dificuldade de um actor, quando faz muitas representações do mesmo espectáculo (no meu caso eram 2 por dia), está na questão da "petrificação", correndo o risco de se tornar mero executante. Um actor deve possuir um treino e um conhecimento e inteligência emocional e física para não cair na mecanização. Respeitando escrupulosamente as minhas marcações, fui descobrido que efectivamente, dentro de qualquer partitura de movimentos, existe ainda um enorme caminho a percorrer, onde é possível explorar e marcar as "micro-estrututas" de marcação. Decompor um movimento até ao seu "átomo". Agir de forma exacta e rigorosa, mantendo a frescura da espontaneidade e a organicidade dos movimentos.
Para que um movimento mantenha essa organicidade, tem de ser verossímil. A olho nú, é um movimento como todos os outros. Um movimento que apenas acontece. E aí é o corpo que responde e actua, não o jogo psicológico e manipulativo do actor. O corpo age sem efeitos. O corpo do actor deixa de "vestir" o personagem. Porque ele "é" o personagem.
Ainda me restam mais umas semanas até terminar a minha carreira neste espectáculo... embora continue a gostar do que estou a fazer, anseio agora por novos projectos e novas pesquisas.
Os cientistas lidam com aparelhos e ferramentas altamente sofisticadas e complexas. Os actores possuem duas ferramentas apenas. O corpo e a voz. E que ferramentas estas! Tão complexas e pouco conhecidas ou insuficientemente exploradas... Umas maltratadas, outras tão mimadas... Ferramentas insubsituíveis. O actor acaba por trabalhar apenas com uma coisa que afinal de contas é a maior dádiva que tem. Aquilo que lhe confere a existência - O Corpo.
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