segunda-feira, abril 04, 2005

A vida de um actor na sociedade de consumo...

No outro dia aconteceu-me uma coisa verdadeiramente caricata.
Há pouco menos de um ano, comprei a minha casa. Quando recorri ao crédito bancário, receei que me fosse recusado devido à minha profissão. Quando se diz que se é actor profissional, acende-se geralmente nas cabeças dos senhores dos bancos uma palavra a neon e a piscar dizendo "Miserável". Mas como felizmente já trabalho regularmente em teatro profissional, lá me foi aceite o crédito e pude mesmo comprar a casa.

O que é mais extraordinário é que os senhores do Banco Cetelem, que fazem créditos em muitas lójas de electrodomésticos, recusaram-me um crédito para comprar uma máquina de lavar, precisamente porque lhes fez confusão o facto de eu ser um actor e trabalhar a recibos verdes...

Será que os senhores do Banco Cetelem também recusam créditos aos Advogados e outros profissionais liberais que trabalham a recibos verdes?

Já a senhora que me tentou impingir um cartão de crédito da Citybank (no Norteshopping) foi mais sincera na sua ignorância. Depois de me perguntar qual era a minha profissão, ao que eu respondi "Actor" ela hesitou e gagejando disse: "Ah... p-pois... então não deve ter muitos rendimentos, não é?"

Resumindo: Rendimentos Mínimos aos mandriões, Subsídios de Desemprego aos calões, Baixas fraudulentas, Fugas aos impostos e tudo mais... tudo passa neste nosso querido Portugal.

Dizer-se que se é actor profissional... é igual a dizer-se que se é mandrião, calão, e sem rendimentos...

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