quarta-feira, abril 27, 2005

Quando as mulheres se juntam!

Estou de regresso do Alentejo. Estive no fim de semana passado em espectáculos na Feira do Livro de Moura. Uma terra fantástica, acolhedora e ainda por cima tive a sorte de ter uns dias de sol magníficos.

O que me leva a escrever este post, foi que afinal vim a descobrir na viagem de regresso para o Porto, qual a verdadeira razão que leva as mulheres a irem juntas à casa de banho.

Parámos para almoçar num restaurante na Estrada Nacional 114 (perto de Montemor-o-Novo. A minha colega decidiu ir à casa de banho (sozinha) e foi ela que me mostrou esta "maravilha" arquitectónica. Não é própriamente pela sua beleza, mas sim pela originalidade!





Ou o construtor desta casa de banho, fez esta obra a pensar neste velho "mito urbano", ou então terá sido neste restaurante que foi criado o hábito de as mulheres irem juntas à casa de banho...

domingo, abril 17, 2005

Falando um pouco de mim

Tenho escrito, mais ou menos regularmente, textos que criticam ou apologizam as mais variadas temáticas ligadas directa ou indirectamente ao Teatro. Tenho-me esquecido de escrever sobre mim.

Então ora aqui vai: Neste momento estou na fase final da digressão do espectáculo "Maldita Matemática". Ainda na semana passada estive em Cascais, para a semana estarei em Meleças (Cacém), daí arrancarei para Moura (Alentejo) dando depois um salto para Setúbal (ou Barreiro, ainda não sei bem). Sendo que ainda me esperam Vila Franca de Xira e Leiria.

Já estou há um ano e sete meses a fazer este espectáculo, intercalado com outro que se chama "Onde está a ávó?" - Este último terminou a sua carreira há duas semanas atrás no Centro Cultural de Belém.

Ter feito até à data mais de 200 representações da "Maldita Matemática" proporciounou-se uma excelente ferramenta de estudo. A exploração da técnica física e vocal neste espectáculo atingiu uma dimensão que muito difícilmente conseguiria noutros espectáculos, pois normalmente as carreiras são substancialmente mais reduzidas.

A grande dificuldade de um actor, quando faz muitas representações do mesmo espectáculo (no meu caso eram 2 por dia), está na questão da "petrificação", correndo o risco de se tornar mero executante. Um actor deve possuir um treino e um conhecimento e inteligência emocional e física para não cair na mecanização. Respeitando escrupulosamente as minhas marcações, fui descobrido que efectivamente, dentro de qualquer partitura de movimentos, existe ainda um enorme caminho a percorrer, onde é possível explorar e marcar as "micro-estrututas" de marcação. Decompor um movimento até ao seu "átomo". Agir de forma exacta e rigorosa, mantendo a frescura da espontaneidade e a organicidade dos movimentos.

Para que um movimento mantenha essa organicidade, tem de ser verossímil. A olho nú, é um movimento como todos os outros. Um movimento que apenas acontece. E aí é o corpo que responde e actua, não o jogo psicológico e manipulativo do actor. O corpo age sem efeitos. O corpo do actor deixa de "vestir" o personagem. Porque ele "é" o personagem.

Ainda me restam mais umas semanas até terminar a minha carreira neste espectáculo... embora continue a gostar do que estou a fazer, anseio agora por novos projectos e novas pesquisas.

Os cientistas lidam com aparelhos e ferramentas altamente sofisticadas e complexas. Os actores possuem duas ferramentas apenas. O corpo e a voz. E que ferramentas estas! Tão complexas e pouco conhecidas ou insuficientemente exploradas... Umas maltratadas, outras tão mimadas... Ferramentas insubsituíveis. O actor acaba por trabalhar apenas com uma coisa que afinal de contas é a maior dádiva que tem. Aquilo que lhe confere a existência - O Corpo.

segunda-feira, abril 11, 2005

O Teatro está caduco...

Esta foi uma frase que me ficou na cabeça durante a semana passada. O Teatro está realmente a ficar caduco... Que de novo tem o Teatro trazido à sede dos Homens?O Teatro está transformado numa "passerelle" de actores mediatizados! São as versões teatrais dos Morangos com Açúcar. São as peças com os elencos "de novela". São as produções de massa.

O Teatro está a transformar-se numa "Aristocracia Falida". Os novos actores que só conhecem a arte de representar iniciada na televisão, têm agora como final objectivo povoar os palcos com peças desprovidas de desempenho técnico aceitável. É o Teatro mediatizado. São os produtores a aproveitarem-se dos actores mediatizáveis para encher as salas. São os interesses industrais a entrar pelas salas do teatro adentro.

O Teatro está caduco... São as adlrabices despegadas, charlatães que sobem aos palcos, altares dessacralizados.

Não me admira nada que um dia se faça uma versão teatral da Quinta das Celebridades.

Já não se vai ao teatro para celebrar a vida, para ostracizar os medos, para catarcisar as angústias, para rir da existência.

Vai-se ao Teatro para ver ao vivo os animais de circo que apareceram a público pela primeira vez enjaulados na Televisão...

segunda-feira, abril 04, 2005

A vida de um actor na sociedade de consumo...

No outro dia aconteceu-me uma coisa verdadeiramente caricata.
Há pouco menos de um ano, comprei a minha casa. Quando recorri ao crédito bancário, receei que me fosse recusado devido à minha profissão. Quando se diz que se é actor profissional, acende-se geralmente nas cabeças dos senhores dos bancos uma palavra a neon e a piscar dizendo "Miserável". Mas como felizmente já trabalho regularmente em teatro profissional, lá me foi aceite o crédito e pude mesmo comprar a casa.

O que é mais extraordinário é que os senhores do Banco Cetelem, que fazem créditos em muitas lójas de electrodomésticos, recusaram-me um crédito para comprar uma máquina de lavar, precisamente porque lhes fez confusão o facto de eu ser um actor e trabalhar a recibos verdes...

Será que os senhores do Banco Cetelem também recusam créditos aos Advogados e outros profissionais liberais que trabalham a recibos verdes?

Já a senhora que me tentou impingir um cartão de crédito da Citybank (no Norteshopping) foi mais sincera na sua ignorância. Depois de me perguntar qual era a minha profissão, ao que eu respondi "Actor" ela hesitou e gagejando disse: "Ah... p-pois... então não deve ter muitos rendimentos, não é?"

Resumindo: Rendimentos Mínimos aos mandriões, Subsídios de Desemprego aos calões, Baixas fraudulentas, Fugas aos impostos e tudo mais... tudo passa neste nosso querido Portugal.

Dizer-se que se é actor profissional... é igual a dizer-se que se é mandrião, calão, e sem rendimentos...