(Este texto é meu e podem copiá-lo, mas agradecia que mantivessem o nome do autor: Nuno J. Loureiro)
Era uma vez um inventor que decidiu inventar uma máquina de fazer sonhos.
trabalho dia e noite, anos e anos até descobrir como se fazia esta máquina.
E lá concretizou a dita máquina.
Quando a pôs em funcionamento, as pessoas andavam felizes. Pois graças a essa máquina podiam concretizar os seus sonhos: ter coisas que de outra forma não poderiam ter, ir a sítios que de outra forma não poderiam ir, vestir-se com roupas que de outra forma não poderiam vestir, jantar em restaurantes que de outra forma não poderiam jantar e por aí fora.
E a máquina lá ia dando a possibilidade à pessoas de concretizarem os seus sonhos. Que maravilha: casas, carros, roupa, compras, televisões, computadores, telemóveis, viagens, férias de sonho, tudo o que se quiser imaginar.
E um certo dia, a máquina começou a ficar sobrecarregada. Porque havia uns duendes que ao mesmo tempo tinham a responsabilidade de a manter a funcionar, tornaram-se gananciosos e começaram a ir à máquina para concretizar os seus próprios sonhos...
Como em tudo na vida, a máquina começou a entravar... E os sonhos das pessoas já eram mais difíceis de concretizar. Então os duendes decidiram diminuir a capacidade de produção da máquina. Mas há sonhos que precisam de outros sonhos e outros sonhos e outros sonhos... E a máquina a entravar... Mas os duendes lá iam buscar na mesma os seus próprios sonhos...
Então o inventor viu que a máquina estava quase a explodir e disse a toda a gente:
- Estamos com uma situação complicada. A máquina tem de parar.
As pessoas então gritaram "Não pode ser, não pode ser!"
E o inventor respondeu:
- Pronto, está bem... Vamos então por mais combustivel para fazer sonhos a ver se ela se aguenta.
E lá meteu mais combustivel... Mas os duendes, mal viram que a máquina estava de novo atestada, lá começaram a usurpar os sonhos para eles... e o inventor disse:
- Afinal a máquina continua a ter problemas... é preciso começar a desistir dos sonhos
E as pessoas disseram:
Não pode ser, não pode ser!
Então o inventor pediu silêncio à manifestação. Fez-se silêncio...
- Vamos lá a ver se nos entendemos. Esta máquina que eu inventei, afinal tem um defeito. É que para poder continuar a dar sonhos a toda a gente, vocês têm de devolver os sonhos à máquina. Senão ela continua a entrar em parafuso.
E as pessoas responderam:
- Não pode ser. Agora como é que vamos fazer? Vivemos em casas que foi a máquina que nos deu, andamos com carros que a máquina nos deu, comemos comida que a máquina nos deu. Vamos perder isso tudo só para que a máquina volte a funcionar em condições?
O inventor chateou-se e disse:
- Vocês não entenderam que se mantiverem esses sonhos por muito tempo acabarão por perde-los?
E as pessoas lamentaram-se:
- Mas então vamos passar a viver sem essas coisas? Vamos ser iguais uns aos outros? Então como poderemos ostentar coisas? Como poderemos exibir luxos? Como poderemos viver o sonho de sermos mais do que o que somos?
O inventor respondeu:
- Se querem tanto manter esses sonhos, então só basta capacitarem-se que serão escravos da máquina.
E as pessoas optaram por ser escravas, porque não podiam suportar uma vida, vivendo com as suas reais posses... e foram infelizes para sempre...
Sem comentários:
Enviar um comentário